Para compreender o perfil de quem consome produtos importados no país, realizamos uma pesquisa exclusiva com 400 brasileiros com acesso à internet. Confira.
O Brasil é um terreno fértil para o crescimento de qualquer tipo de comércio. Somos, historicamente, uma nação de compradores, e é isso que o comércio eletrônico internacional parece ter percebido nos últimos meses. Este é um dos motivos que faz o cross border crescer tanto.
Nem mesmo a vertiginosa alta do dólar, desde o início da pandemia, foi capaz de intimidar a ofensiva dos e-commerces de importados no país, resultando em um saldo positivo para ambos os lados.
Depois do boom dos e-commerces asiáticos, importados de diferentes nacionalidades vêm ganhando espaço entre as compras dos brasileiros, e para compreender melhor de que maneira a pandemia impulsionou a globalização do varejo desenvolvemos um estudo exclusivo, com 400 entrevistados conectados à internet, traçando o perfil de quem consome estes produtos.
O resultado da pesquisa realizada em setembro de 2021 você pode conferir abaixo. A margem de erro é de 5% e o nível de confiança é 95%.
O que é e-commerce cross border?
Cross border (que, literalmente, significa “cruzar a fronteira”) é a atividade comercial de compra de produtos vindas do exterior, ou seja, de outros países. Em outras palavras, é a importação de produtos que, em nosso contexto do e-commerce, refere-se principalmente a importações feitas por pessoas físicas.
Com o crescimento do comércio eletrônico e a globalização, em especial empresas asiáticas começaram a viabilizar uma importação sem ou menos intermediários de produtos geralmente baratos, diretamente para pessoas físicas. Vale dizer que há um limite de compras de até 100 dólares para não ser taxado na alfândega.
No último ano, tivemos um crescimento muito forte do setor, que foi o que mais se destacou no e-commerce brasileiro. Neste estudo, vamos trazer dados inéditos para você entender tudo sobre a revolução do setor de importados no Brasil.
Vantagens e desvantagens: tempo de entrega é fator negativo, mas preço baixo supera espera
Apesar do tempo de entrega dos e-commerces de importados terem diminuído consideravelmente nos últimos anos, esta ainda é a principal influência negativa neste tipo de compra para mais de 50% dos consumidores.
Este tempo dura hoje, em média, de 2 semanas a um mês para a maioria dos consumidores.
Outros fatores que ainda preocupam os consumidores na hora de fazer compras fora do país são custo do frete (46%), taxas de importação (40,25%) e sites pouco confiáveis (30,5%).
As queixas são pertinentes, no entanto, não o suficiente para impedir as comprar. O principal fator positivo para mais de 80% dos entrevistados, por outro lado, são os preços baixos.
O segundo maior fator de influência positiva é o custo x benefício deste tipo de compra, uma vez que 28% dos respondentes alegaram que preferem comprar produtos de baixo valor agregado quando compram fora do Brasil.
Isso mostra que apesar dos importados ganharem cada vez mais espaço, eles estão longe de ocupar um espaço de confiança no bolso dos brasileiros. 14,5% também responderam que preferem comprar itens cujo risco de compra seja baixo.
Isso também se reflete na média de valor gasto quando as compras são de importados.
33% dos entrevistados alegaram gastar, em cada compra, até R$150,00. 27,75% gastam até R$300,00 e, acima disso, as respostas caem consideravelmente.
Produtos mais vendidos: eletrônicos e roupas são os campeões de compra
Entre as categorias que os brasileiros alegaram já ter importado pela internet, no TOP 3 estão Eletrônicos (49,25%), Celulares (36,75%) e Roupas (36,75%).
Outras categorias bastante escolhidos são Calçados (30,5%), Cosméticos (29%), Brinquedos (26,5%) e Joias & Relógios (29,75%).
Apesar dos equipamentos eletrônicos encabeçarem essa lista, itens como Computadores & notebooks foram os mais votados quando a pergunta se referiu a produtos que os entrevistados teriam, mas não comprariam fora do Brasil.
O alto valor agregado a estes dispositivos desencoraja a importação, que muitas vezes é incerta para quem compra. Pelo menos é o que mostra o gráfico abaixo a seguir.
Problemas com compras internacionais
Listamos abaixo os principais problemas já encontrados por brasileiros em compras internacionais: a opção mais votada é a demora em receber o produto (40,5%) e, a segunda, é o produto não ter chegado nunca (27%).
Outros inconvenientes são produtos taxados na alfândega e consumidores terem recebido produtos diferentes daqueles escolhidos na hora da compra.
Market share: AliExpress lidera setor em preferência e market share
Quando perguntados em quais sites os entrevistados mais costumam fazer compras internacionais, o AliExpress foi o mais votado, com 64% da preferência.
Mas a liderança está ameaçada, já que o segundo lugar, a Shopee, já está com 63,35% dos consumidores.
Seguem os dois queridinhos a Amazon Internacional (32,5%), o Wish (31,25%) e as entregas internacionais do Mercado Livre (28%), hoje o maior e-commerce do Brasil.
O AliExpress, no entanto, não lidera somente na preferência, mas possui o maior market share do setor de Importados do comércio eletrônico nacional, segundo dados da última edição do Relatório Setores do E-commerce, da Conversion.
Analisando o ranking dos 10 maiores sites cross border, podemos analisar o market share relativo calculado sobre apenas esses 10 sites (aqui há o ranking dos maiores e-commerces do Brasil). Como, resultado temos o seguinte ranking com os 10 maiores e-commerces de importados no Brasil:
- AliExpress (34,8%)
- Shopee (32,7%)
- Amazon (13,9%)
- Shein (6,2%)
- Ebay (3,8%)
- Banggood (2,7%)
- Wish (2,2%)
- Alibaba (1,5%)
- iHerb (0,5%)
- GearBest (0,4%)
A lista com os 20 principais sites pode ser vista a seguir:
No Share of Search, no entanto, o player fica para trás e a liderança é da Amazon, com 42%. Em seguida, Shopee chega com 27,1% e, somente em terceiro lugar, AliExpress, com 12,9%.
Canais e dispositivos de compra: maioria usa aplicativos e busca orgânica é a maior fonte de tráfego indireto
Segundo dados do nosso estudo, mais de 73% das compras feitas em lojas internacionais são feitas em dispositivos móveis, através de Aplicativos.
Os Sites ficam em segundo lugar, com 62,25% das compras, o que mostra que a ofensiva não é somente dos e-commerces internacionais, mas também dos acessos mobile.
Apesar das compras serem feitas em aplicativos, os entrevistados alegaram que conhecem novos players internacionais majoritariamente através do Google (62,75%), tornando a busca orgânica uma importante fonte de tráfego indireto para estes e-commerces.
Em seguida vêm as opções de Redes sociais (51,25%), anúncios na internet (36%) e indicação de amigos e familiares (32,75%).
Por estas serem compras de valor relativamente baixo, o brasileiro prefere não se endividar na hora de fazê-las. De acordo com as respostas obtidas, 41,5% deles preferem fazer estes pagamentos à vista.
O parcelamento aparece como segunda opção (39,25%) e o PIX, que já é o segundo maior meio de pagamento no Brasil, aparece somente em quinto lugar no ranking, com 27,5% das respostas.
Metodologia
A pesquisa realizada pela Conversion foi conduzida entre 9 e 12 de setembro de 2021 e foi respondida por Homens (51,5%) e Mulheres (48,5%) de idades entre 16 e +54 anos 100% residentes no Brasil.
Todos os entrevistados afirmaram terem feito alguma compra internacional nos últimos 12 meses .