O Google anunciou no final do mês de Outubro sua principal atualização de algoritmo de pesquisa: o Google BERT, ou Bidirectional Encoder Representations from Transformers.
O nome, inclusive, já acompanha esse projeto desde novembro de 2018, quando o Google lançou um open source de pré-treinamento para o desenvolvimento de modelos capazes processar a linguagem natural escrita e falada.
O projeto teve resultados muito positivos e os modelos criados foram muito satisfatórios, dando seguimento ao que hoje é um dos updates mais importantes dos últimos tempos!
Mas, na prática, o que isso significa?!
O que é o Google BERT?
O BERT veio para melhorar o entendimento do Google sobre o contexto envolvido no uso de determinadas palavras.
Ou seja, determinadas particularidades da linguagem natural ou palavras que podem mudar de significado em diferentes contextos agora são melhor compreendidas pelos algoritmos — inclusive as chamadas stop words.
No blog oficial do Google, Pandu Nayak explicou que, muitas vezes, nem mesmo os próprios usuários sabem como procurar o que desejam.
Ele diz que, seja não sabendo exatamente como escrever uma palavra, seja buscando por um assunto sobre o qual não temos o mínimo conhecimento, é papel do buscador entender o que estamos tentando pesquisar, não importando como escrevemos ou como formulamos essa dúvida.
Pandu ainda escreveu que mesmo que o Google venha aperfeiçoando seu entendimento sobre diferentes linguagens ao longo dos anos, alguns aspectos mais complexos de conversação e linguagem natural ainda deixavam a desejar.
É por isso que muitas vezes, ao tentar presumir o que o robô entende, fazemos buscas usando somente palavras-chave e formulando frases incompletas, e não como faríamos naturalmente ao conversarmos com outras pessoas.
Nayak mencionou que preposições como “to” e “for” também não eram até então muito consideradas, mas graças ao BERT o robô agora é capaz de entender como o sentido de uma expressão pode mudar quando esses termos são utilizados.
Veja os exemplos abaixo:
Imagem: Google Blog
Antes do BERT, o resultado para essa busca levava em consideração apenas as palavras get, medicine e someone; agora, o resultado está mais preciso e responde perfeitamente à intenção de busca do usuário.
Imagem: Google Blog
Neste exemplo, o primeiro resultado levava o usuário a uma página que respondia o exato oposto ao que o usuário queria saber. Com o BERT, o termo “to” deu outro sentido à pergunta.
A mais nova atualização do Google vem para aproximar ainda mais a inteligência artificial da inteligência humana e, segundo o próprio buscador, é o mais importante update desde o lançamento do RankBrain.
Estima-se que 10% do total de buscas feitas em inglês sejam afetadas a partir de agora.
Uma atualização focada nas buscas, e não nos sites
A primeira coisa que vem à cabeça dos profissionais de SEO quando surge uma nova atualização algoritmo é: como posso otimizar o meu site para isso?
Em 2019, mais do que nunca, a resposta é muito simples: conteúdo objetivo, bem escrito e focado em seres humanos.
O Google BERT é um update mais relacionado à capacidade de entendimento do próprio robô do que à caça às más práticas de indexação.
Ao aperfeiçoar e expandir a competência de assimilação de linguagem humana do crawler, a tendência é que sites cujos conteúdos são escritos de forma mecânica sejam prejudicados na SERP.
A absorção de informação relacionada à linguagem falada que o BERT traz também pode ser particularmente benéfica para o voice search e a busca local.
Conteúdo ainda é rei ????
Muito embora a atenção dos profissionais de SEO tenha se pulverizado entre performance, usabilidade e experiência do usuário, a antiga máxima de que conteúdo é rei não ficou obsoleta.
Desde o lançamento do Google Panda, em abril de 2012, a importância atribuída ao conteúdo mudou radicalmente a forma como ele era produzido na internet.
A qualidade tornou-se a principal métrica de análise e quem tinha como objetivo manipular o algoritmo viu seus sites despencarem.
Apesar disso, ainda é comum chegarmos a sites com conteúdos escritos sob o uso dos piores artifícios. Com o BERT, talvez essas páginas dêem seu último suspiro.
Algumas técnicas ultrapassadas que podem depreciar ainda mais um conteúdo ruim após o BERT são:
- Uso exacerbado de termos longtail;
- Keyword stuffing (densidade de palavras-chave exagerada);
- Limite mínimo e máximo para a quantidade de palavras no texto;
- “Encheção de linguiça” para aumentar o conteúdo;
- Conteúdo oculto.
Para as páginas cujo conteúdo é constituído por muitas imagens, a linkagem interna continua sendo fundamental para auxiliar o robô a compreender o assunto abordado e quais os contextos a serem agregados.
Este é só o começo
Machine Learning é um método de análise de dados que, ao identificar padrões, automatiza o desenvolvimento de modelos ainda mais aprimorados de análise de dados com pouca ou nenhuma intervenção humana.
Difícil de entender? A gente simplifica:
Imagine que um sistema seja desenvolvido para desempenhar determinada tarefa. Ao executar essa tarefa repetidas vezes, ele vai ficando cada vez melhor e mais rápido em exercê-la porque tem a capacidade de aprender com a repetição e corrigir suas próprias falhas, assim como pessoas.
Incrível, não é?
E é graças a essa tecnologia que o Google BERT é apenas o ponta-pé inicial de uma larga evolução em termos de inteligência artificial para buscadores.
Quando falamos em evolução, também queremos dizer que nada do que surgiu até agora foi — e nem será — deixado para trás, como temem muitos webmasters.
Há centenas de algoritmos funcionando juntos e simultaneamente no Google neste exato momento: todos trabalhando lado a lado para construir o que conhecemos como um complexo processo de identificação e ranqueamento de websites.
Esses algoritmos continuarão trabalhando juntos e, a cada novo update, afinarão suas capacidades para tornarem-se cada vez mais eficientes.
Ou seja: tudo o que se sabe sobre SEO até agora continua sendo válido.
Conclusão
O Google BERT ainda está disponível apenas para buscas em inglês, mas em breve será lançado para outros idiomas, inclusive o português.
Enquanto o algoritmo de pesquisa fica cada vez mais soficaticado, pensar no seu site como uma ferramenta usada por pessoas que fala para outras pessoas o coloca sempre um passo à frente do que ainda está por vir: o futuro da tecnologia é humano.