Processo contra monopólio do Google pode afetar o futuro da internet e, consequentemente, o SEO

Vitoria Alves
Vitoria Alves

Por que você utiliza o Google como mecanismo de busca? Qualidade ou monopólio? Um juiz decidirá em breve.

12 de setembro de 2023: você está vivenciando o primeiro e mais importante julgamento do movimento antitruste moderno do Google. O movimento antitruste é contrário à trustes, ou seja, contrário à união de empresas que formam uma só – ou um grupo de associados – criando um monopólio. As leis antitrustes tem como objetivo preservar o mercado competitivo, para que os consumidores e empresas menores não sejam prejudicadas. 

A última vez que houve um julgamento desses foi no final dos anos 90, quando o Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ) enfrentou a Microsoft. Agora, novamente esse julgamento vai atrás das práticas comerciais de uma Big Tech e ele nos dirá se as leis antitruste, escritas antes mesmo da Internet, podem ser aplicadas às práticas comerciais das plataformas digitais dominantes. 

Como este caso pode mudar o poder que esses mecanismos de busca exercem sobre nós?

“Dá um Google”: com certeza você já ouviu essa expressão – 90% dos norte-americanos utilizam o Google como mecanismo de pesquisa e, há décadas, esse é o sinônimo de pesquisa na internet. Mas por que isso acontece? O Google se autodeclara o melhor mecanismo de busca, mas há controvérsias. Segundo o DOJ e os procuradores-gerais de quase todos os estados e territórios dos EUA, isso acontece porque o Google paga bilhões de dólares para empresas como a Apple, por exemplo,  para que elas tornem sua pesquisa o padrão na grande maioria dos dispositivos e navegadores. 

No que os acordos de pesquisa padrão do Google prejudicam?

Grande parte da receita da empresa depende da popularidade do produto de busca e o Google está disposto a gastar muito dinheiro para garantir que seja a busca padrão em todos os lugares possíveis. A Big Tech desembolsa milhões de dólares para desenvolvedores, fabricantes de dispositivos e operadoras de telefonia para que ela ocupe esse espaço em quase todos os lugares. 

Para o DOJ, essa colocação ajuda a Google a manter seu domínio, tornando quase impossível que exista concorrência, pois poucas organizações possuem bilhões de dólares para gastar dessa forma. O DOJ ainda reforça que o Google está “criando um ciclo de monopolização contínuo e auto-reforçado”. 

No entanto, faz muito sentido o Google “querer estar lá”, pois existem diversos estudos que comprovam como é difícil superar a inércia de um consumidor e, portanto, a grande maioria das pessoas aceitam o que encontram. E, tudo isso prejudica a concorrência, pois eles não conseguem se firmar no mercado, diz o DOJ. 

Esse monopólio traz algumas consequências: sendo o buscador mais usado, os anunciantes se tornam obrigados a pagar os anúncios de busca da própria ferramenta, já que os consumidores acabam optando por seguir utilizando a ferramenta padrão. Essa falta de escolha pode sufocar a inovação, segundo o processo. 

No que lhe concerne, o Google afirma que seu motor de busca é o mais popular porque é o melhor que existe no mercado, pois procura fornecer ao usuário os resultados mais significativos e relevantes. 

Mas como isso impacta o futuro da Internet e o SEO?

“Este caso tem a ver com o futuro da internet”, alertou o procurador Dintzer. As ações judiciais envolvendo a Google significam que, independentemente do desfecho da narrativa, a empresa não está livre de preocupações. O mesmo vale para as outras empresas de tecnologia que recentemente chamaram a atenção dos reguladores antitruste. 

Mesmo que a Big Tech ganhe essa causa, o fato desses processos existirem  provavelmente terá um impacto na própria organização, no preço das ações e na disposição de assumir riscos nos próximos anos. Este momento poderá complicar os esforços da empresa de fazer parte de outra transformação tecnológica – o surgimento da inteligência artificial – e fazer com que ela enfrente players que estarão ansiosos para “estarem lá”. 

No momento em que o processo foi aberto pela primeira vez, as autoridades antitruste dos EUA não descartaram a possibilidade de uma separação do Google, alertando que o comportamento da empresa poderia ameaçar a inovação futura ou a ascensão de um sucessor. 

Caso o Google perca, enfrentará a possibilidade de ser dividido em empresas menores – uma medida extrema, mas não inédita, que o DOJ está pedindo – ou de ser proibido de oferecer esses acordos de busca. 

Mehta, o juiz do Tribunal Distrital dos EUA que supervisiona o caso, disse que a posição de destaque do Google entre as ferramentas de pesquisa em navegadores e smartphones “é uma questão muito disputada” e que o julgamento determinará “se, em termos da realidade real do mercado, a posição do Google como mecanismo de busca padrão em vários navegadores é uma forma de conduta excludente”. 

Especialistas ainda apontam que este julgamento poderia ser um teste para a influência político-econômica que os governos atribuem às gigantes da tecnologia como a Google, Apple, Amazon, Microsoft e Meta. 

Referências Bibliográficas 

https://www.vox.com/technology/2023/9/11/23864514/google-search-antitrust-trial

https://www.politize.com.br/politicaantitruste/#:~:text=Portanto%2C%20antitruste%20quer%20dizer%20algo,possam%20prejudicar%20a%20livre%20concorr%C3%AAncia.

https://www.bbc.com/portuguese/articles/cv28z7l4k89o

https://www.cnnbrasil.com.br/economia/batalha-antitruste-do-google-o-que-esta-em-jogo-para-o-gigante-da-internet/

https://www.cartacapital.com.br/tecnologia/google-vai-a-julgamento-nos-estados-unidos-acusada-de-ferir-a-lei-antimonopolio-do-pais/

https://fastcompanybrasil.com/tech/seja-qual-for-a-sentenca-o-processo-movido-contra-o-google-e-so-o-comeco/

Escrito por Vitoria Alves

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